Como EUA, Reino Unido e a Ásia estão moldando os riscos globais


CEIC News | Julho 2025
US e UK desafiam o consenso fiscal enquanto a Ásia lida com choques geopolíticos e climáticos
📌 Destaques desta edição:
Estados Unidos e Reino Unido desafiam a ortodoxia fiscal com déficits crescentes, tornando-se outliers entre as economias da OCDE.
Shenzhen acelera a transição para uma economia de serviços tecnológicos, enquanto o Irã amplia discretamente suas exportações de petróleo.
Crise na fronteira Tailândia-Camboja já impacta o comércio regional e evidencia a fragilidade das cadeias no sudeste asiático.
EUA e Reino Unido: dívidas crescentes em tempos de instabilidade política
Nos EUA, a “Big Beautiful Bill” aprovada sob Trump inaugura um novo ciclo de estímulos, enquanto no Reino Unido o governo Starmer recua de cortes assistenciais, expandindo gastos sociais. Ambas as decisões repercutem nos mercados, pressionando CDS e ampliando déficits estruturais.
Comparando indicadores da OCDE, os EUA, o Reino Unido e a França se destacam com déficits acima de 6% do PIB. O aumento no custo dos seguros contra calote soberano (CDS) reforça a percepção de risco em países com menor disciplina fiscal — em contraste com Alemanha e Japão, que mantêm déficits mais controlados.
Shenzhen: do boom industrial à maturidade tecnológica
A transformação de Shenzhen, de uma zona industrial para um hub tecnológico, é uma narrativa de longo prazo da China. Dados do CEIC mostram que, entre 2014 e 2024, a participação de “serviços técnicos” no PIB dobrou, chegando a 15%, enquanto o setor industrial encolheu proporcionalmente.
Empresas como BYD e Tencent simbolizam essa transição. A cidade continua sendo uma potência manufatureira, mas com uma base produtiva cada vez mais voltada à inovação, pesquisa e desenvolvimento.
As chuvas extremas que causaram as inundações no Texas
As inundações no Texas durante o feriado de 4 de julho foram causadas por eventos climáticos extremos. A estação de Camp Mabry registrou 76,3 mm de chuva em um único dia — o maior volume desde janeiro. Nossos gráficos mostram como esse evento foi um desvio drástico da tendência sazonal para 2025.
A frequência crescente desses extremos reforça a necessidade de monitoramento de dados climáticos para análises de risco em infraestrutura, agricultura e energia.
Irã amplia exportações de petróleo mesmo sob sanções
A escalada militar no Oriente Médio, impulsionada pelo ataque a Teerã em junho, não reduziu o fluxo de petróleo iraniano — ao contrário. Dados marítimos alternativos mostram forte crescimento nos portos de Asaluyeh e Bandar Abbas.
A análise de congestionamento portuário aponta aumento de tráfego na categoria “wet bulk”, sugerindo embarques acelerados de petróleo. Essa estratégia revela a adaptação logística iraniana para manter exportações mesmo sob vigilância internacional.
Crise na fronteira Tailândia-Camboja: impactos no comércio e turismo
Com o fechamento de fronteiras e bloqueios logísticos, a tensão entre Tailândia e Camboja interrompeu cadeias de comércio essenciais. Camboja baniu produtos tailandeses que representavam até 10% de seus fluxos importados.
Além do impacto econômico, o fluxo turístico caiu drasticamente em áreas como Aranyaprathet. O episódio destaca a vulnerabilidade de mercados regionais fortemente interdependentes.
❓ Os mercados devem se preocupar com o aumento da dívida em economias desenvolvidas como EUA e Reino Unido, mesmo com acesso fácil ao financiamento?
✅ Sim, embora o acesso ao crédito continue fácil em termos nominais, a elevação persistente de déficits estruturais em grandes economias pressiona a credibilidade fiscal e pode afetar ratings soberanos. Isso tende a encarecer o custo do serviço da dívida ao longo do tempo, principalmente em ciclos de aperto monetário ou choques externos — e dados como os CDS já antecipam essa precificação.
Conclusão CEIC Insights
Os eventos desta edição — da política fiscal nos países centrais às tensões logísticas e geopolíticas na Ásia — reforçam a importância de dados granulares e visualizações de alta frequência para antecipar mudanças de cenário.
Combinando datasets tradicionais e alternativos, a CEIC oferece uma leitura integrada do mundo em transformação: da chuva extrema no Texas ao petróleo clandestino no Golfo Pérsico, passando pelas disputas fiscais do Ocidente e o salto tecnológico do Oriente.
Nossos dados não apenas contam a história — eles antecipam os capítulos seguintes.